terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Actualidade: Companhias Low Cost ajudam Turismo a bater recordes em ano de crise



Receitas superiores a 7,5 mil milhões de euros, 13 milhões de turistas internacionais e 36 milhões de dormidas em hotéis nacionais. Em ano de crise e desconfiança dos mercados, Portugal bateu o recorde de receitas no sector turístico e praticamente igualou o maior número de turistas de sempre, que foi atingido em 2008 com 13,4 milhões de chegadas, segundo o INE. Os números para 2010 não estão fechados, mas até Novembro já tinham entrado 12,8 milhões de turistas - um crescimento interessante, tendo em conta que a Europa é o continente onde a recuperação do turismo está a ser mais lenta (OMT). Em entrevista ao i, o presidente do IPDT, António Jorge Costa, defende que o sector é resiliente e Portugal deve centrar a promoção turística em mercados e segmentos específicos, vendendo a única coisa em que se pode diferenciar: a cultura portuguesa.

O sector já está a recuperar da crise?

Temos de diferenciar as coisas. 2008 tinha sido o melhor ano a nível mundial, com quase 940 milhões de chegadas. É claro que de 2008 para 2009 foi muito difícil manter e houve uma quebra acentuada. Nós sofremos, todos sofreram. Segundo a Organização Mundial do Turismo, o único continente que não perdeu chegadas foi África. Mas 2010 muda de figura. E apesar de tudo, o turismo português teve um crescimento interessante.

De que ordem?

Crescemos ao nível das chegadas, 12,8 milhões em Novembro, presumo que tenhamos chegado a 13 milhões em 2010 (crescimento de 5,1%). Se assim for, é talvez o melhor ano de chegadas turísticas em Portugal. Em termos de dormidas, mais de 35,8 milhões - um crescimento de 3%.

De onde veio esse crescimento?

Houve uma compensação do turismo interno. Aconteceram várias coisas relevantes nos últimos tempos, entre elas a profissionalização da promoção e organização da oferta turística e a internet, que revolucionou a forma como escolhemos.

Que foi terrível para as agências...

Mas uma grande oportunidade para os destinos. As agências têm de olhar para outras formas de serem úteis, de se tornarem conselheiros de viagem - a compra na internet ainda é estranha para algumas camadas.

E pressionou os preços em baixa.

Sim. Quando compro uma viagem na Ryanair ou na easyJet elas oferecem serviços que lhes permitem, pela promoção que fazem e pela estrutura de custos, ser muito competitivas. Por outro lado, o negócio low cost permite voar para destinos regionais. O conceito de aeroporto mudou completamente.

Portugal está a tirar partido disso?

Temos de centrar a estratégia. Porque na internet conseguimos caracterizar muito precisamente o inglês que vem para Portugal. Saber de onde vem, o perfil do que quer. Em vez de fazermos grandes campanhas, através da internet conseguimos ir ao segmento que nos interessa.

E qual é esse segmento?

É o turista que gosta de sol e praia, mas fora do Verão se calhar quer cultura. Temos muito para oferecer, mas é preciso ter em atenção o que os concorrentes oferecem: identificar os pontos que nos permitem vender de forma diferenciada.

Quais são?

A cultura portuguesa, que na sua essência só existe em Portugal. Se queremos captar a atenção das pessoas temos de saber quem se interessa pela história latina. Pode ser uma subida pelo Douro, uma visita às aldeias alentejanas.

A utilização de futebolistas é boa política para captar essa atenção?

A utilização de vencedores é sempre boa. Tem de ser alguém com projecção mundial, como é o caso do Figo, do Cristiano Ronaldo, do Mourinho. Ter-se o melhor do mundo, seja no que for, é bom.

A quem devemos dirigir-nos?

A quem tenha renda acima da média, que se interesse por estes produtos. Portugal nunca poderá ser um destino de massas.

Em países específicos?

Brasil, China, Rússia. São os mercados que estão com mais pujança económica.

O número de turistas vai crescer em 2011?

A conjuntura é complicada, mas a Oxford Economics aponta um crescimento de 9% nas maiores cidades portuguesas até 2013.

Portugal pode ser afectado por causa da crise da dívida soberana?

Não é bom, mas está-se a falar de Portugal. É uma oportunidade, se resolvermos bem este problema, de dizer: de facto estivemos mal, mas vejam o que conseguimos fazer.


Fonte Jornal i por Ana Rita Guerra

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